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Evento-teste em Salvador divide opiniões de especialistas


Especialistas se dividem quando o assunto é o evento-teste anunciado pela prefeitura de Salvador para este mês (lembre aqui). A gestão classifica como um “experimento científico” que vai permitir analisar o cenário epidemiológico de festas e aglomerações em um ambiente controlado. Algumas informações preliminares já foram anunciadas e o prefeito Bruno Reis (DEM) prometeu anunciar detalhes na quinta-feira (15).

O secretário municipal da Saúde de Salvador, Leo Prates, antecipou que o evento terá 500 pessoas submetidas a testes para Covid-19 feitos 48h antes, e imunizadas contra a doença. Além disso, a gestão vai acompanhar os participantes por cerca de 20 dias.

Na visão do doutor em Virologia e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gúbio Soares, esse protocolo só faria sentido se 70% da população já estivesse vacinada contra a Covid-19, e os indicadores da pandemia sugerissem números baixos de novos casos, e índices bem menores em relação às mortes diárias e taxa de transmissão. O especialista classifica a realização do evento-teste como “um absurdo” diante da iminência de circulação de novas e mais agressivas variantes.

“Os dados caíram, mas estamos num platô alto de mortes, no país e na Bahia também. Aqui reduziu o número de internação na UTI, mas não significa que isso baixou a um nível aceitável. Ainda estamos com cerca de 60%”, ponderou.

“É um risco grande essas festas programadas. Muita gente vai mentir, vai falsificar, vão aparecer laudos falsificados, vai ter miséria (sic). [...] Então isso pode ter uma consequência muito mais grave do que a própria pandemia atual. Se uma variante no Brasil for nova, for bastante agressiva, porque a gente não sabe, isso pode ser um desastre em nosso país”, opinou Gúbio Soares.

Ele defende que o evento-teste não deveria ser feito agora e que pode dar falsa impressão de que tudo vai bem, “enquanto na verdade a gente sabe que não está bem”.

Já o médico infectologista Igor Brandão defende a importância de eventos-teste. Ele sinaliza que eles possibilitam simulações de situações de risco e permitem avaliar a segurança de protocolos. “Já foi feito em outros países e auxiliam nas decisões de afrouxamento de protocolos com o evoluir da vacinação no Brasil”, lembrou.

“Faz sentindo sim. Mas mesmo com eventos-teste, vacinação em massa, incluindo mais de 50% da população com a segunda vacina, é necessário cautela”, destacou Brandão ao acrescentar que cautela significa a gestão manter a vigilância em saúde diariamente e em caso de piora do cenário epidemiológico, voltar atrás e restringir medidas.

Além disso, o infectologista também sugeriu que se evitasse a participação de pessoas integrantes de grupos de risco para Covid-19.

FESTAS DE RÉVEILLON

Setor altamente impactado na pandemia e um dos únicos que não voltaram em nenhum momento desde março do ano passado, o de entretenimento aguarda o avanço da vacinação para retomar atividades. Diante desse otimismo, festas de Réveillon já estão programadas no interior do estado. Os eventos, conforme anunciado até o momento, seguirão protocolos semelhantes aos anunciados para o evento-teste de Salvador.

O virologista Gúbio Soares prega cautela e sugere que decisões sobre a realização ou não de eventos sejam apenas daqui a alguns meses, em outubro ou novembro.

Quem compartilha da mesma opinião é o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, que sugeriu que as definições sobre a realização de festas de Réveillon devem ser feitas apenas 60 dias antes do fim do ano. Na visão do gestor, nesse período será possível ver se há “condições claras de definir alguma coisa sobre o Réveillon e o Carnaval” (leia mais aqui).


Informações / Bahia Notícias

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