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Publicitária denuncia ex-namorado por violência doméstica: 'Ele queria colocar fogo em mim'

  • Jornal da Cidade
  • 27 de fev. de 2019
  • 5 min de leitura

Após três ocorrências de violência física e cerca de quatro anos de violência psicológica, a publicitária e estudante de Design Silvia Pacheco denunciou o agora ex-namorado, o engenheiro mecânico Carlos Renato Barreto Fernandes da Rosa, pelas agressões. O estopim foi no último domingo (24), quando ele arrombou a porta da casa em que os dois moravam, bateu nela e fez menção de tocar fogo na mulher ao despejar uísque no cabelo dela e pegar uma caixa de fósforos.

Em entrevista ao Bahia Notícias, Silvia conta que após terminar com ela pela 13ª vez nos últimos nove meses, no sábado (23), Rosa voltou ao apartamento dos dois, no bairro da Pituba, no dia seguinte, para buscar sua mala. Como achou que a mulher demorou a abrir a porta, ele arrombou o apartamento e deu início à série de violências.

"Dava pra ver claramente que ele estava alcoolizado. Ele estava bravo porque eu falei pra ele que era importante eu ter minha própria advogada pra fazer a separação e ele está com ciúmes de mim, tanto que na hora ele falou: 'você está vestida pra sair como se fosse encontrar alguém. Fala pra mim, você encontrou alguém?'", conta Silvia.

Não satisfeito com as respostas da ex, que pretendia sair para encontrar uma amiga, Rosa teria partido para as agressões físicas. "Ele já veio com uma porrada nas minhas costas, comecei a gritar, a correr, aonde eu tentava me esconder, ele arrombava a porta. Teve uma hora que eu peguei o celular, fui filmá-lo, foi quando ele jogou meu corpo no chão, travou minhas pernas com as dele, me deu uma gravata e começamos ali uma luta corporal", detalha.

O resultado dessa briga foi vários hematomas nos braços, costas e cotovelo e a casa destruída, como ela registrou em postagem no Instagram.

Diante da dimensão da briga, os vizinhos do ex-casal ouviram os gritos e pedidos de socorro de Silvia até que um deles conseguiu socorrê-la. Como Rosa arrebentou as portas, após cerca de duas horas de violência, ela conseguiu correr para a casa desse vizinho até que uma guarnição da Polícia Militar chegou e levou o ex-casal para a Delegacia da Mulher, em Brotas.

A DENÚNCIA

Surpresa, Silvia conta que não foi acolhida da maneira esperada na unidade policial. De acordo com ela, a delegada Larissa Lage de Barros descredibilizou seu depoimento, disse que ela não poderia realizar o exame de corpo de delito naquele horário – o Boletim de Ocorrência (B.O.) foi registrado por volta das 19h – e logo depois dispensou Rosa.

"Ela não colocou no B.O. que ele tentou me matar, só falou que estava alcoolizado e bateu em mim. Ele queria colocar fogo em mim", acusa a vítima.

Procurada pelo Bahia Notícias, a assessoria da Polícia Civil afirma que a delegada expediu as guias de lesão e pericial e orientou que a mulher se dirigisse ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para realizar os exames. Em nota, a corporação ressalta que ela se recusou a deixar o celular na delegacia para que ele também fosse encaminhado à perícia. “A delegada representou por medidas protetivas, orientou Silvia a formalizar uma queixa-crime e a encaminhou para o Centro de Referência Loreta Valadares. Testemunhas foram intimadas, o autor foi interrogado e um inquérito será instaurado na Deam/Brotas para apurar o caso. Todas as medidas de polícia Judiciária foram adotadas”, diz em nota.

HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA

Silvia e Rosa se conheceram em Brasília, quando ainda tinham entre 16 e 17 anos. Ela lembra que eles estudavam no mesmo colégio na época, mas o tempo passou, os dois seguiram rumos diferentes e só 30 anos depois se reencontraram no Facebook.

A partir daí, não demorou muito para que os dois passassem a morar juntos há cerca de quatro anos. Ao longo desse tempo, ela ressalta que ele sempre foi “excessivamente ciumento” e deu diversas demonstrações de violência psicológica, colocando ela para baixo, a menosprezando e a comparando com sua ex-mulher, por exemplo.

Mas a primeira agressão física ocorreu em setembro de 2017, quando eles já haviam se mudado para Fortaleza.

"A primeira foi bem triste, foi bem traumatizante. Ele estava bravo comigo por bobeira, porque eu não tinha acordado cedo pra ir pra praia com ele. Então, ele foi, tomou muito champanhe – ele é alcoólatra, toma álcool com remédio tarja-preta – e voltou querendo brigar comigo. (...) Ele começou a me agredir verbalmente com termos chulos, me destratou. O terror psicológico foi tanto que eu corri pra sacada e falei: 'vou me matar'. Aí ele ficou na cama, assistindo, dizendo: 'pode pular, ninguém vai ter saudade de você'", recorda.

A publicitária conta que, nesse momento, repensou a situação e decidiu que não iria tirar a própria vida, mas ele lhe pegou à força e tentou jogá-la da varanda do apartamento.

Na sequência, ela conseguiu se desvencilhar, se refugiou no banheiro, onde quebrou um copo e tentou cortar os próprios pulsos, sendo mais uma vez violentada pelo então namorado.

"Eu estava sofrendo ali um show de horrores por quase duas horas. Ele arrombou a porta do banheiro e disse: 'como você é burra, pega esse caco de vidro aqui que é mais afiado e você está cortando da maneira errada'", dizia, antes de agarrá-la e bater sua cabeça contra a parede.

Foi só quando ela ameaçou chamar a polícia que ele a deixou sair, mas ela não teve coragem de seguir com a denúncia.

Como é comum em casos de violência doméstica, no dia seguinte à agressão, ele se desculpou, jurou amor e usou a bebida como pretexto para dizer que não se lembrava das agressões cometidas. "Eu falo que ele exercia um domínio sobre mim e bastavam palavras doces, amáveis, falasse pra mim: 'eu te amo, você é tudo pra mim'...", disse, contando o que a fazia insistir na relação.

Em dezembro daquele ano, o casal se mudou para Salvador. Então, meses depois, a segunda agressão física aconteceu. Ela conta que se incomodou com algo no celular dele e reclamou. A resposta imediata de Rosa foi virar de frente para a mulher e pegá-la pelo pescoço com força.

Passada a briga, mais uma vez, o engenheiro se desculpou, pediu perdão e Renata lhe deu uma nova chance.

HOMICÍDIO DOLOSO EM BRASÍLIA

Embora ressalte que tenha agido como suporte emocional de Rosa durante esses quatro anos de relacionamento, Silvia revela que ele a culpava por ter provocado um acidente de trânsito em Brasília, no dia 1º de agosto de 2015. Ao pilotar sua BMW bêbado para buscar a namorada, Rosa colidiu com outro veículo, o que culminou na morte da passageira do outro carro, Ana Paula Raposo Moura, e deixou o condutor Christian Perrú Belisario, o DJ Battan, por cinco dias em coma.

Com isso, Rosa responde por homicídio doloso e, segundo Silvia, pode ir a júri popular.

Informações / Bahia Notícias

 
 
 

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 Por Josi Machado

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